CANDURA


 













Naquela manha o vento nem ensinava pensamentos,
dois cavalos marinhos flutuavam,
ofertando tristezas em troca de duas lagrimas.
Abri os olhos, senti a quentura de um pedaço do céu caindo,
as sombras tatuavam de rugas as paredes pelo lado de fora.
As tristezas se agasalharam bem no meu peito.
Minha vó cuidou que aquilo não eram cantos de passarinhos.
Carregou-me no colo,
fez sinal da cruz em mim com um ramo de alecrim,
depois uma reza de algodão.
Olhou que o sol parecia ainda assustado nos meus olhos.
Minha vó falou que era quebranto.
Entoava a bendição, ungia o enguiço.
minhas mãos fulguravam a candura,
pela janela voava a voz da minha vó.

Edmir Carvalho Bezerra
Arte: Jurga Martin
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