Aos pés da escada que inicia a curva da pequena rua,
três homens conversam: O velho vendedor de gaiolas, o homem que fazia anzóis
e o vendedor de coisas pequenas feitas de insônias.
As palavras despencam de suas bocas e se penduram. Tento entender, mas meu coração chora.
Pente, panela, casca de árvore, aguardente, algodão, lápis de orelha,
alaúde torto, migalhas de nuvens, carvão, filha com asma, remorsos,
pássaros enfeitiçados, barcos que voam, Rosa, santo, rosas, rosas, vazio...
Bem que podiam ofertar suas palavras na porta da igreja,
bem que podiam fazer uma canção para o rio.
Eu digo àqueles homens: O amor é um sol no meu peito,
e revela o que sinto todos os dias quando olho o rio.
Mas esta é apenas uma suave manhã,
vim abraçar minha rua.
Aqui, talvez um deus louco liberte meu canto,
entenda que me dediquei a uma perfeição
e me perdi por uma deliciosa mentira.
Hoje, nessa rua, mais estreita,
não vi estudantes de branco e azul caminhando para o grupo escolar,
passou só um homem com um chapéu de silêncio,
pisando o chão da rua sobre minha velha rua,
Passou o tempo, e o sossego é uma estrela fria em cada porta.
E tudo o que eu queria,
era ver o meu rosto
que ficou dentro daquela casa fechada.
Foto: Monte Alegre PA (rua onde nasci.)
Edmir Carvalho Bezerra
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